Quando descobri que faria um ato no lixão durante o dia das crianças,soube que faria esse post. Estava consciente de que a ação me levaria a uma perspectiva concreta de tudo o que já li/estudei sobre os problemas sociais. Uma perfeita descrição do que vivi seria pobreza. No entanto, analisar esse quadro apenas pelo aspecto econômico é precipitado e limitado.
Aquelas pessoas simbolizam uma amostra dos problemas sociais em que vivemos hoje. O classificação de social desses problemas já prediz englobar a sociedade em todas as áreas: falta de perspectiva, apatia moral e intelectual, padrões desumanos e sobrehumanos, supervalorização da individualidade e do econômico.
Essa pobreza generalizada do ser humano me levou ao clássico poema “O bicho” de Manuel Bandeira. Enfim compreendi, o que fez daquele ser um bicho não foi a falta de comida, de casa.. Lógico que essas são necessidades básicas, mas o que o impede de evoluir é uma espécie de pobreza mor,que condiciona todas as outras. Pobreza de perspectiva, de pensamento. Em um minicurso jurídico cinematográfico, certo professor disse que os indivíduos são esmagados porque não conseguem se reconhecer/identificar no meio em que vivem. Faltam-lhes consciência da sua própria condição. Só conseguimos mudar o que conhecemos, casos diferentes disso são acidentais. O homem se torna um nem quem poderiam ser. Não pensa. Não é. Não age.
Descartes disse “Cogito,ergo sum.” O pensar vai além de entender um exercício ou um texto. Pensar é desenvolver idéias, criar, imaginar, o resto é são apenas cópias de pensamento.Hoje o Brasil está cheio de pessoas acostumadas a 'xerocar' pensamentos, por isso aceitam o cabestro da mídia,os cliches de impotência da política e a dominação cultural. Para mim humanizar não tem nada haver com direitos humanos ou um bom salário. A dignidade da pessoa humana não é limitada a uma esfera de sucesso econômico.
Dignificar um pessoa é ampliar a sua capacidade de compreensão, apreensão, divagação, criação. Potencializar o agir, o transformar, o ser.
(Essa é a maior pobreza, a limitação de alguém que poderia voar.)
PANIS ET CIRCENSES - OS MUTANTES
às vezes, quando penso nessa dimensão do pensar, me entristeço muito, porque a realidade que enfrentamos todos os dias, a realidade das pessoas com quem convivemos nada tem a ver. não gosto de limitações, não nasci para elas. ninguém nasceu, aliás. mas, as pessoas se acostumam demais.
ResponderExcluirdivaguei. belo post, Evelin. beijos! *: