Inspirada pelo clima eleitoral – eleitoreiro – e pela constante assiduidade do assunto entre os meus amigos resolvi escrever sobre as eleições. A leitura de um trecho de Alequis Tocqueville, um respeitável carro chefe da minha procrastinação literária, foi a gota d’água para minha opinião sair em litros.
“Príncipes tornaram a violência em uma coisa física, mas nossas repúblicas democráticas contemporâneas transformaram-na em algo tão intelectual quanto a vontade humana sobre a qual deve agir. Sob o governo absoluto de um único homem, o despotismo,para alcançar a alma, atinge o corpo, e a alma escapando dessas chicotadas, se eleva gloriosamente acima dele; mas nas repúblicas democráticas não existe o mesmo tipo de comportamento do tirano; a violência deixa o corpo solitário e vai diretamente à alma. O senhor não diz mais : ‘pense como eu ou morra’. Agora ele diz: ‘Você é livre para pensar diferentemente;você pode ficar com sua vida, sua propriedade e tudo o mais; mas a partir deste dia você será um estranho entre nós. Você pode manter seus privilégios na comunidade, mas eles serão inúteis para você, se você solicitas os votos de seus compatriotas, eles não lhe darão, e se você pedir somente sua estima, eles criarão subterfúgios para recusar-lhe isto também.Você permanecerá entre eles,mas você perderá seu direito de ser indivíduo singular.Vá em paz. Eu lhe dei sua vida, mas ela é pior do que a sua própria morte.”
O escrito retrata uma realidade evidente em nosso país. Viver em sociedade implica vestir uma camisa e estar sujeito a limites. Abrir mão de parte de você pelo todo. Mas aqui ninguém conhece a leis. Entretanto isso não nos eximi menos de seguir a cartilha.
A máxima é que o povo como soberano concede legitimidade aos seus eleitos para determinarem o que fazer ou não. Acontece que é comum em época de eleições acontecer um alardeamento para os cargos executivos em detrimento do Legislativo. Amanhã, iremos obrigatoriamente escolher nosso Legislativo, sem segundo turno ou borracha para apagar os erros. Eles serão a sua voz. Eles escolheram o tamanho,cor e estilo de camisa que todos teremos que vestir.
Eles não controlam você, controlam o todo e o todo é mais forte do que você. Uma compreensão limitada da democracia leva a supervalorização do executivo. Na prática os poderosos chefões deveriam ser os deputados, senadores e Cia. O cômico é que parte dos mesmos não tem conhecimento desse poder e são propícios a bagatelas, são cachorrinhos de qualquer empresário ou político mais inteligente.
Isso porque a maioria é despreparada, não sabe o que fazer e vai lá pra descobrir. Pelo bem de todos e, para não fugir a regra da nossa querida sociedade individualista, o meu – uma vez que serei responsável por aplicar tais leis – desejo que o população tenha evoluído durante esses 26 anos de democracia e saiba fazer boas escolhas na urna para todos os cargos.
MEIA NOITE - CHICO BUARQUE
é o que eu penso. cultura é algo complicado de se discutir, mas não acredito que seja impossível. e o que tenho observado é uma pequena mudança de postura. isso me anima, mas não a ponto de acreditar que tudo vai mudar de repente. só não dá pra ser pessimista demais, sempre.
ResponderExcluirchega de comentário, que eu já viajei demais. .-. hahaha.
belo texto. beijos, Evelin! :*