17.3.11

O arqueiro

Meus olhos eram sempre guiados para a capa verde. O coração palpitava, as mãos formigavam. Meus braços conheciam aquele sensação e se estendiam em direção ao objeto de desejo só para serem repreendidos pela mente que alegava ter coisas mais importantes para fazer. Desde a primeira vez que lera Bernard Cornwell, as primeiras linhas de um tal cavaleiro chamado Derfel, o vício se instaurou, como um daqueles vírus de filmes zumbis. Essa sou eu e meu interesse torpe, vadio e devastador por ficções históricas. E o escritor citado é o que tem a mais fina iguaria. Lembro-me do desespero para terminar a trilogia de Artur e o desespero depois que havia terminado. Afinal, todos os seres que outrora consumiam minha imaginação haviam partido. E, mesmo assim esse coração bandido se balançava todas as vezes que passava em frente as vistosas Crônicas Saxônicas e as histórias da Busca pelo Graal.

Um pouco exagerado? Talvez, mas só porque sou claramente apaixonada por esse gênero e especialmente por esse autor. E os caminhos atolados da vida misturado a obrigação de estudar me levaram a evitar uma nova overdose. Sim, porque uma trilogia não é o suficiente, se ainda existem três. Três maravilhosos volumes cheios de batalhas, amor, traição, e Europa medieval. Foi assim com as Crônicas de Artur e está sendo assim com a Busca do Graal. Dessa forma, a categoria épica do Desafio Literário foi imediatamente ligada pela minha mente ao nome do autor inglês. Por anos venho tentado evitar as setas desse arqueiro em forma de caneta, mas finalmente chegara a hora.

Ok, todo esse clima de ode é um pouco exarcebado. Afinal, a trama desse primeiro livro acabou se mostrando muito parecida ao das Cronicas de Artur. Isso porque "O Arqueiro" também é feito de batalhas épicas, guerras emocionantes, mulheres fatais, mulheres esposas, cavalheiros covardes, nobres guerreiros e um pouco de misticismo. Mas se você como eu ama história, vai adorar a riqueza do livro. O enredo se baseia no inicio da Guerra dos Cem anos, na disputa pelo trono francês, lá vai um pouco de wikipédia:
Felipe Valois pelo pai, era neto do rei Filipe III de França e foi nesta condição que se assumiu como pretendente ao trono em 1328, depois da morte do primo, Carlos IV. O rei deixara a mulher grávida e nasceu uma menina, tornando-se Filipe o novo monarca. Sua coroação não foi aceite pelo rei Eduardo III de Inglaterra que, por via de Isabel de França sua mãe, era sobrinho de Carlos IV e neto de Filipe IV o Belo. Os franceses, receosos de perder a independência, não aceitaram esta pretensão e evocaram a lei sálica, que impedia mulheres ou descendentes por via feminina de subirem ao trono francês. A questão resvalou para o conflito militar e foi a causa primordial da Guerra dos Cem Anos, iniciada em 1337.
Os homens de Skeat eram os senhores da Bretanha, um flagelo do inferno, e os aldeãos, a Oriente do ducado, que falavam francês chamavam-lhes hellequin, que significava cavaleiros do demónio. De vez em quando, um bando inimigo procurava encurralá-los, e Thomas aprendera que o arqueiro inglês com o seu enorme arco era o rei dessas escaramuças. O inimigo odiava-os. Se capturavam um inglês, matavam-no. Um homem-de-armas poderia ser feito prisioneiro, por um senhor seria exigido um resgate, mas um arqueiro era sempre assassinado. Torturado primeiro, e depois assassinado.
O nosso protagonista é Thomas, que não poderia ter um nome mais inglês. Um arqueiro cuja árvore geneologica lhe é desconhecida e vai reger a ala mistério da história. Filho de padre, tem sua pequena aldeia esfarelada por tropas atrás de uma das reliquias da cristandade. A lança de São Jorge que merece sua sitação na resenha apenas por ser um dos símbolos do meu tão amado Corinthians. Mas o guri continua sua vida, e se torna um arqueiro. A grande arma inglesa na guerra. E assim Cornwell adorna o livro com centenas de personagens nada lineares. Apesar da a dualidade bem x mal estar sempre presente, ela é acompanhada de uma série de liames psicológicos que desdobram as escolhas de cada um. Porque ninguém é mal ou bom, existem valores e escolhas. Viva os autores oniscientes.

Sou apaixonada pelas batalhas. Sei que não há nada de glorioso em guerras. É trágico, é doloroso e só Deus sabe o que acontece na cabeça de um soldado e de um país assolado por ela. Mas para fins literários não há nada mais dramático e empolgante. É a forma mais fácil de extrair o lixo e o luxo dos personagens. Bom quanto a época, quem nunca se imaginou em tempos remotos, colorindo a monarquia de bons momentos e vestidos maravilhosos. Poderia falar mais, mas sei o quanto resenhas podem ser cansativas para quem ler. Então fica a indicação de um livro ótimo, na verdade de um autor ótimo. E agora vou me entregar aos encantos desleais de uma boa leitura ao terminar a trilogia, antes que eu tenha um crise de abstinência.

5 comentários:

  1. também gosto bastante desse romances épicos e bélicos. (:

    nunca li nada do autor, mas a resenha me deu um bom ponto de partida. beijos, Evelin!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Adorei sua resenha, e principalmente o modo como começou ela, te entendo perfeitamente, é duro você querer ler (principalmente quando são aqueles livros que você lê dia e noite afim de chegar logo ao final), mas não pode porque os estudos te obrigam a parar. Enfim voltando a história do seu livro, eu gostei, não sou apaixonada como você por histórias de guerra, mas toparia ler esse livro.
    Ótima resenha ;)

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  4. Post épico, o seu! Perceptível a sua admiração pelo gênero e o autor. Também gosto muito dele. Escolhi Azincourt para ler e a impressão geral é a de que, nesse livro, Cornwell está aquém das suas melhores obras.

    Beijocas

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  5. Eu li este livro este ano e adorei. Preciso ler o resto da trilogia, mas tá dificil de encontrar. =)
    Estou apaixonada por Bernard Cornwell...
    Beijocas

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