11.1.11

mas os outros estão néscios pra Ti

Quando eu era pequena achava que poderia acreditar em qualquer coisa. Fé não era algo justificado, se eu apenas decidisse poderia eleger um bule como A Verdade. E isso validava todos os contos, lendas e fantasias um dia inventados, imaginados ou escritos. Com um pouco de criatividade encaixava tudo a realidade. Papai Noel distribuiria bons sentimentos, porque pelo estado do mundo era fácil deduzir que esses eram dádivas, raras e caras.

E essa fé rala me conduziu por um longo período. Isso pode ser coisa de criança, mas vejo muitos adultos por aí pensando da mesma maneira, relativizando os limites, os valores, tudo para eleger mentiras como verdade. É mais fácil apagar as fronteiras do que encontrar uma saída. Mas os caminhos se tornam sinuosos, as raízes superficiais, as perguntas freqüentes e as respostas insuficientes. A diferença da criança para o adulto é que a primeira acredita, assume, luta e o outro engana, foge e se perde. O que será de nós desesperados? A procurar loucamente pela verdadeira fé, esmagados pelo peso da covardia ou pelo medo do desconhecido. Perdidos em si, destacando cheques para cobrir a vergonha, urgindo de prazer para esquecer a voz que susurra fra..cas..sa..do. Pobres crianças perdidas.

"Eu leio Rookmaaker, você Jean Paul Sartrê. A cidade foi tomada pelos homens. Na cidade dos homens tem gente que consegue ler, mas os outros estão néscios pra Ti.Eu canto Keith Grenn, você canta o que? A cidade está cheia de sons. Na cidade dos homens tem gente que consegue ouvir, mas os outros estão surdos pra Ti. Vem jogando tudo pra fora. A verdade apressa minha hora. Vem revela a vida que é nova. Abre os meus olhos agora." Paginantiga - Rookmaarker

2 comentários:

  1. arrepiou a alma. sim, viver mentira é triste demais.

    beijos, Evelin! *:

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  2. Texto fantástico. Parabéns.
    Acabo de virar sua leitora.

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